Você já ouviu falar de ESG? Essas três letras viraram tendência nos mercados financeiros e nas reuniões das maiores companhias do mundo. Juntas significam boas práticas ambientais, sociais e de governança, em inglês. Trata-se de uma forma de valorizar as corporações que levam a sustentabilidade e a responsabilidade social a sério, além de punir aquelas que não o fazem.
Em menos de duas décadas, os investimentos ESG já são da ordem de US$35 trilhões e devem chegar a US$53 trilhões só nos Estados Unidos em 2025. Tudo isso porque os investidores querem apostar em empresas que impactem positivamente a sociedade. Certificar o compromisso das empresas é necessário e constante, pois a qualquer deslize a confiança dos investidores vai para o ralo.
Não dá para ignorar cadeias de abastecimento
Para medir com precisão os riscos ESG de uma empresa, é preciso voltar os olhos para suas operações de ponta a ponta: da cadeia de suprimentos até o consumidor final. A maioria das agências de classificação ESG não mede o desempenho ESG das cadeias de suprimentos globais que apoiam grandes corporações.
Quer um exemplo?
A reconhecida medida ESG da Bloomberg lista “cadeia de suprimentos” como um item do pilar “S” (social). Assim, as cadeias de suprimentos não são avaliadas em critérios relevantes, como emissões de carbono, efeitos das mudanças climáticas e direitos humanos. Como não há padrão para os relatórios de sustentabilidade muitas empresas tendem a valorizar fornecedores ambientalmente responsáveis e ocultar não qualificados, manipulando dados da cadeia de suprimentos.
As emissões de carbono são outro exemplo. Muitas empresas têm obtido sucesso na redução das emissões de suas próprias operações. Entretanto, as emissões de seus parceiros e clientes da cadeia de suprimentos, conhecidas como “emissões do Escopo 3”, podem permanecer altas e escondidas. Dá para notar que, sem levar em conta toda a cadeia de suprimentos de uma empresa, as medidas ESG falham em refletir o comprometimento das corporações.
O que fazer?
Para melhorar a consistência, as agências de classificação ESG devem considerar o que pode ser ambientalmente prejudicial e operações antiéticas em toda a cadeia de abastecimento global. Os governos europeus já começam a exigir que as empresas averiguem questões sociais e ambientais decorrentes de suas redes globais de cadeia de fornecimento. Isso inclui proibições de trabalho infantil e trabalho forçado, atenção à saúde e segurança em toda a cadeia de abastecimento.
É só uma questão de tempo para o desempenho ESG de toda a cadeia de suprimentos ser contabilizado na imagem e no valor das grandes companhias. Esse é um convite para que líderes corporativos plantem a semente da responsabilidade socioambiental e sirvam de exemplo para as empresas menores e para o planeta.