Ouro, cobre, níquel, gás e madeira são alguns dos recursos naturais extraídos de Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão para alimentar as economias do leste e sudeste asiáticos. Embora estas nações do Oceano Pacífico ocidental tenham crescido economicamente no início desse século, a riqueza extraída da terra não chegou a toda a população. Dois milhões dos mais de sete milhões de habitantes de Papua Nova Guiné vivem na pobreza. A taxa de mortalidade entre menores de cinco anos é de 75 em cada mil nascimentos.

Da década de 1990 até 2014, a Porgera Joint Venture (PJV) produziu cerca de US$20 bilhões de ouro, o que representa 12% das exportações de Papua Nova Guiné. A exploração que reproduziu dólares para a nação trouxe, junto, violência, abuso dos direitos humanos, corrupção e danos ambientais. Um exemplo é a mina de ouro de Porgera, um símbolo poderoso dos perigos, injustiças e das recompensas financeiras que as indústrias extrativas reservam para Papua Nova Guiné. A canadense Barrick Gold é proprietária de 95% da mina.

Uma pesquisa da Human Rights Watch, instituição internacional que atua em defesa dos direitos humanos, denuncia massacres, estupros coletivos, grupos de extermínio que envolvem, inclusive, funcionários da empresa. Outras ONGs de atuação socioambiental ressaltaram que os governos fecharam os olhos para a terrível situação da população. A operadora também foi acusada de despejar seis milhões de toneladas de resíduos de mineração no Rio Porgera a cada ano, o que contraria todas as orientações de boas práticas da indústria.

As denúncias foram tantas que a Barrick, para não perder mercado para seus produtos nem valor em suas ações, viu-se obrigada a dar passos significativos e prometer destinar recursos para a resolução de questões de direitos humanos.

A corporação concordou em arcar com parte do custo de implantação de segurança e monitorar a atuação dos profissionais, além de demitir os acusados de estuprar mulheres e violentar crianças.

O problema é tão profundo quanto o estrago causado pela extração do ouro no ambiente. A maior parte da mineração internacional do mundo é feita por empresas canadenses. Há um clamor mundial para que o governo exerça alguma supervisão sobre seus cidadãos corporativos no exterior, o que poderia melhorar a conduta e reduzir impactos socioambientais, como os registrados em Papua Nova Guiné. Os abusos graves cometidos deixam lacunas irreparáveis para os povos das regiões exploradas, para os habitats de plantas e animais, para a vida no planeta.